Capa do livro "República luminosa"
Crônica,  Livro,  Romance

República luminosa

“República luminosa”, de Andrés Barba, é uma crônica sombria, com roteiro assemelhado a um bom filme de suspense.

Um livro curto, de leitura fluida, com uma história fascinante, que explora um aspecto pouco convencional: a estranheza e a violência da infância contra uma cidade de médio porte, majoritariamente pobre, de um país da América Latina.

“O aparecimento de 32 crianças violentas de origem desconhecida perturba – e subverte – completamente a vida de San Cristóbal, uma cidade tropical encravada entre a selva e o rio. Vinte anos depois, uma das testemunhas dessa história revista o trágico episódio numa crônica recheada de fatos, evidências, especulações e rumores sobre como a cidade foi forçada não apenas a reformular sua ideia de ordem e violência, mas também a lidar com a própria noção de infância. Um livro angustiante, com o sopro das grandes histórias”.

Trecho da contracapa

História

As crianças surgem despercebidamente e permanecem durante meses à margem da atenção dos moradores, até que, paulatinamente, evidenciam sua presença a partir de diversas singularidades. Formam um grupo uníssono, com linguagem, propósito e intenção desconhecidas.

O narrador combina sua própria história com os acontecimentos de San Cristóbal para descrever os fatos sob seu ponto de vista. Diante da menção a manchetes de jornais e a acontecimentos reais, por vezes é fácil perder-se e acreditar que a história contada realmente aconteceu, o que reclama do leitor atenção constante para diferenciar realidade da ficção.

Merecidamente, Andrés Barba ganhou o Prêmio Herralde em 2017 por este livro.

Avaliação

Ressalvado o contexto do período correspondente, “República luminosa” aproxima-se do imaginário criado por Jorge Amado em “Capitães da Areia” para as crianças abandonadas retratadas no livro. O tema é relevante, mas não é novo. A novidade é garantida pela abordagem do assunto: o que são as crianças para a fluência do livro, se vistas sempre como bizarras?

“Mas a realidade é insistente e nem sequer assim deixavam de ser crianças. Como poderíamos esquecer se era exatamente aí que começava o escândalo? Crianças. E, um belo dia, descobriu-se que roubavam. “Pareciam tão boazinhas!”, exclamavam alguns, mas por trás desse grito havia uma ofensa pessoal: “Pareciam tão bons e nos enganaram, esses pequenos hipócritas”. Eram crianças, sim, mas não como as nossas” (página 32).

Um livro facilmente avaliado com nota máxima.